Pandemia

Uso obrigatório de máscaras de volta à pauta

Aumento de casos e de internações de crianças e idosos leva Conselho Estadual de Saúde a indicar ao governo retorno do acessório

Jô Folha -

A constatação de alta nos casos e nas internações de pacientes com Covid-19 levou o Conselho Estadual de Saúde (CES) a elaborar um documento recomendando ao governo gaúcho a volta da obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes fechados. Nesta quinta-feira (23) o texto será analisado em plenária pelos representantes das 52 entidades que compõem o Conselho e, caso seja aprovado, será encaminhado aos órgãos de saúde do Estado. A preocupação da entidade está principalmente nas hospitalizações de crianças de zero a 11 anos e idosos com mais de 80.

Assessor jurídico do CES, Rodrigo Finkelsztejn lembra que mesmo extinto o Estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin), em 22 de maio, os casos de Covid-19 estão presentes. “Esse crescimento não está sendo bem divulgado, como foi no auge da pandemia”, alerta. A partir das medidas adotadas recentemente por Belo Horizonte e outras cidades para o retorno da máscara, o Conselho passou a analisar os dados e ficou evidenciada a maior incidência de internações nas duas faixas etárias. O uso obrigatório do utensílio seria recomendado, em um primeiro momento, em locais fechados. Para Finkelsztejn, paralelo a isso, seria preciso reforçar a retomada dos demais cuidados preventivos, como lavar as mãos e uso de álcool em gel, bem como a adoção de campanhas maciças de vacinação para estes grupos.

Pela análise dos dados do Boletim Epidemiológico do RS, além do aumento de internação de idosos com mais de 80 anos, a faixa etária representa uma proporção maior dos óbitos, com cerca de 40% do total ocorridos em 2022, até a 21ª primeira semana. O Conselho observou ainda que quanto menor a escolaridade, maior a letalidade hospitalar, da mesma forma para a população negra. O mesmo documento traz ainda informações de alerta para a faixa etária de zero a 11 anos, que passou a representar uma proporção maior das hospitalizações este ano, em comparação com anos anteriores, representando 4,57% (419 de um total de 9.163).

Vendedor em uma loja de artigos musicais no Centro de Pelotas, Denilson da Silva Cardoso, 50, já faz uso da máscara no trabalho mesmo sem ser obrigado por decreto. “Não conhecemos as pessoas que entram e saem, sendo que a maioria está sem o utensílio. Outros até usam, mas o tiram para falar. Então eu prefiro estar prevenido.” O atendente ressalta que o acessório protege não só do coronavírus, mas também da influenza, evitando o contágio à mãe idosa e ao filho pequeno.

Imunização
A prioridade, na opinião do epidemiologista da UFPel, Pedro Hallal, não seria implementar medidas preventivas e restritivas, e sim estimular a vacina nos grupos com índices indesejáveis. “Observo pouca propaganda, pouco incentivo para a vacinação, principalmente nas crianças. As medidas restritivas seriam uma segunda escolha. Primeiro, seria um grande esforço em ter a população imunizada.” Para Hallal, mantendo-se os índices baixos, o uso de máscara poderia voltar a ser implementado de forma temporária. “O restante fica difícil adotar porque a população tem acesso à vacina e o imunizante é que vai resolver o problema da pandemia a longo prazo.”

O Conselho Estadual de Saúde também vê com preocupação a baixa adesão à vacina. “Existem muitas fake news e a população não tem se empenhado a ficar imunizada”, analisa Finkelsztejn. Pelo painel de Monitoramento Covid-19 do RS, 65,6% das crianças gaúchas de cinco a 11 anos estão com a primeira dose e 41,2%, com a segunda. Da população de idosos com 80 ou mais, 90,6% estão com a segunda dose de reforço e 80,5% com a terceira.

Máscaras na rede municipal
O comitê técnico da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul) debateu com seus associados sobre o uso da máscara e encaminhou recomendação aos prefeitos para que tomassem suas decisões. A prefeitura de Pelotas, a partir disso, decidiu seguir a recomendação e retomou o uso da proteção nos ambientes escolares por 15 dias. O equipamento segue sendo obrigatório no transporte público, nos serviços de saúde e, também, por pessoas com sintomas gripais, como medida de barreira do contágio, o que já estava estabelecido em decretos anteriores.

Em Rio Grande, a Secretaria de Saúde segue as orientações do Decreto Municipal 19.119, de junho, sendo que uma delas é a recomendação do uso da máscara por pessoas que apresentem sintomas gripais ou que tiveram contato com caso suspeito ou confirmado de Covid-19 nas últimas 48 horas.

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